quinta-feira, 21 de abril de 2011

Recife, uma viagem gastronômica - 1ª Parada.

Vou confessar uma coisa, antes de conhecer Recife, no nordeste “A” cidade era Fortaleza. A capital cearense permanece um dos meus destinos favoritos, contudo, Recife me faz pensar duas vezes antes de escolher para onde ir.

Recife é uma cidade extremamente tradicionalista. O recifense é ligado a sua cultura e valoriza suas raízes, além de possuir um forte sentimento nacionalista, o que se justifica por ter sido lá uma das primeiras lutas em defesa do território brasileiro, quando brancos, mulatos e índios se uniram para expulsar os holandeses (na entrada da cidade de Jaboatão dos Guararapes, palco de grandes batalhas, se lê “Aqui nasceu a pátria”).


Sede do Galo da Madrugada
O recifense ama seus Clubes (Náutico, Spot, Santa Cruz...); ama seus ritmos (frevo, maracatu, mangue bit); ama seu carnaval (o Galo da Madruga já se tornou uma verdadeira instituição); ama suas praias (Boa Viagem continua sendo uma das melhores praias urbanas do Brasil) e, principalmente, ama sua rica culinária, onde se inclui, logicamente, a chamada baixa gastronomia dos botecos.

Uma das coisas que mais me chamou a atenção em Recife foi o fato dos seus habitantes valorizarem demais as chamadas comidas caseiras. É comum encontrar tanto nos barzinhos “pés limpos” (casas sofisticadas) quanto nos chamados “pés sujos” (os botecos tradicionais) como opção de petisco o cozido, o guisado de bode, o sarapatel, a galinha cabidela, a lingüiça matuta, etc. Outro prato onipresente em barzinhos, esquinas e mesmo nas praias é o famoso caldinho. Tem de todo tamanho e sabor, com destaque para o de feijão preto, peixe, camarão e mariscos, todos sempre regados de torresmo, ovo de codorna e azeitona. São várias as casas que podem ser citadas, contudo, neste 1º artigo sobre Recife (há necessidade de outros), vou destacar duas casas.
Edmilson - "O Cara " do Restaurante da Mira

A primeira que não é propriamente um boteco é o Restaurante da Mira. Localizado no subúrbio do Recife, o local é famoso por sua comida e por seu único garçom, o Edmilson, filho da dona. É uma figuraça que desenvolveu uma técnica própria de receber e apresentar o restaurante, só para se ter uma idéia já lançaram até um dicionário para traduzir as bossas do sujeito. Outra coisa engraçada é que lá você não pede o que comer e beber, porque é o Edmilson que define os destinos do seu “Tour Gastronômico”, ou seja, é ele que vai descendo a cerveja e a comida, resta a você só dizer quando parar. Outra coisa, a conta também varia conforme a cara do cliente e o humor do Edmilson, mas, pode acreditar, vale muito à pena.

Imagem de N. Srª. da Conceição
que empresta o nome ao morro









A segunda casa é bem especial para os Santarenos, já que fica no morro da Conceição que tem esse nome por estar lá o Santuário e a imensa Estátua de Nossa Senhora da Conceição que abençoa a cidade do alto. E é bem aos pés da Santinha que você vai conhecer o “Bar da Geralda”, casa simples e aconchegante que traduz a alma dos Recifenses, já que a cerveja é estupidamente gelada, a cachaça sempre disponível e a comida, como não podia deixar de ser, é simples e a porção generosa. Adorei a galinha cabidela e o sarapatel.

Recife é imperdível, e essas duas dicas podem ser úteis para você conhecer como os Recifenses comem e bebem e assim fugir dos tradicionais roteiros turísticos.

Serviço:
Restaurante da Mira – Av. Dr. Eurico Chaves, nº 916. Casa Amarela. Recife/PE.

Bar da Geralda – Basta dizer que quer ir ao morro da Conceição, todo mundo sabe onde é.


Galinha Cabidela do
Bar da Geralda

Fachada do Bar no
Morro da Conceição


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