EMOCIONANTE

Tem pessoas que não conseguem enxergar nada além do óbvio. Não consigo ser assim.

Alguns vão dizer que a passionalidade compromete a percepção da realidade fazendo brotar o fantástico do medíocre. Penso que o pragmatismo por si só compromete a vida e todo seu lado lúdico. Em grosso modo, prefiro ver moinhos como dragões e ter uma vida com algum sentido, mesmo que para alguns, isso não passe de mais uma loucura de um Dom Quixote.

Assim, vou pedir licença aos analistas e cronistas esportivos e discordar dos seus lúcidos comentários e dizer o que vi ontem pelos olhos da emoção, pelos olhos do torcedor, pelos olhos de quem vê numa camisa, num escudo a síntese de um povo.

Ontem vi um time com onze e que mesmo após a expulsão de um, ainda permaneceu com onze. Dez em campo e um na soma de milhares de vozes que vinham das arquibancadas.

Ontem vi um time com dez correndo e defendendo como se fossem onze, empurrados pelo cântico de milhares de vozes que vinham das arquibancadas.

Ontem eu vi milhares de vozes emocionadas pela força que vinha de dez, mas que jogaram como se fossem milhares.

Ontem eu vi que é possível, porque não somos mais onze, somos muitos.

Pode não ter sido a melhor partida de futebol que já assisti, mas certamente foi uma das mais belas exibições de coragem, garra e comprometimento que vi em um time de futebol.

Infelizmente muitos preferem o lugar comum e analisar a partida apenas pelos números que logo serão esquecidos. Eu prefiro, mesmo que comprometido pela paixão, ver essa partida como um exemplo de um povo que não desiste nunca.

Vão me acusar de ser piegas, não tem problema, pois como disse eu prefiro ser um Quixote, a vida tem mais graça.

Parabéns Guerreiros! Os do campo e os das arquibancadas.

Juntos, somos imbatíveis.